domingo, 8 de abril de 2012

Celebração (II)

Como era Páscoa, e ele renasceu. Era domingo, e como acordado de sono de séculos, levantou da cama, e construiu com letras - uma a uma - o corpo para sua nova vida. Tomou a métrica, tomou a prosódia e a rima, e em ato heróico, planejou um mundo, e uma amada, um poema em uma praia, um vinho e uma lua. E seu corpo foi se refazendo, de tanta angústia de um sono interminável e que não entendia.

Agora, com as letras nas mãos, pode acordar de novo. Pode dar significado aquilo que parecia apenas sons, apenas consoantes momentos seguidos de momentos, vãos.
 A cada moldura que dava para cada palavra ganhava destaque o que não dizia, ganhava evidência o espaço entre as palavras. E deu a isto o nome de intersticio das palavras (a lembrar de um intestino quicá).

Mas o problema persitia - pra que isso de nascer e morrer, terminar e começar - partir e ficar? E de pensar e ser alimentava o ciclo, consumindo toda a vida, toda a vida que pulsa e sangra. E pulsando redigiu as letras, em um blog ou algo novo desse gênero de coisas. E concebeu o novo, como um feto universo, como um mega-portal.

E ele era o espaço, onde projetam-se letras, ele era o momento que nunca sabe-se o que vem, ele era a pergunta, ele era a web e sua infinitude, ele era uma criação conjunta, como um sonho que se compartilha. Ele era nós, ele era nem, mas renascia.

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