Preciso escrever, e preciso de um cachorro, preciso de uma menina pra dizer que amo, e preciso ter amigos.
Mas tenho tudo isso, em algumas doses, em alguns dias. Em verdade tenho tantos dias! Tenho tanto, e tenho que pulsa. E porque então esse vazio, essa angústia, ou esse gosto na boca de algo que me falta?
Por que um fogo que persegue instiga, e contorce e pipoca?
Escrevo e não canso, tento e não convenço, amo e não entrego, converso e não me sou!
Então por que tanto insistir, por que a loucura, demasiado cotidiana, por que um descontentamento tamanho?
Preciso de inspiração e preciso de paz. Preciso de tempo e preciso correr, preciso descansar. Preciso de um cão, e preciso de um gato, preciso de tempo pra pescar, e de pôr do sol pra cantar. Preciso de uma guitarra e um bolero, preciso de tango, e preciso tanto dela.
E tenho medo de falar, que preciso e quero, e quero precisar e quero sentir. Quero deixar de lado essa dose de anestésico da vida que me tomo todo dia, quero deixar o instante sobrevir, quero deixar o presente pressentir. Quero me inteiro, quero te inteira. Quero metades, quero.
Até extinguir, até entender, até não ter fim. Quero descobrir o limite do desejo, quero saber sua matéria e seus átomos. E fujo, na mesma velocidade.
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